segunda-feira, 7 de maio de 2012

Naquele jardim

15 De Abril de 2012, era um dia de primavera, chuviscava um pouco, mas por entre as nuvens o sol iluminava com pequenos raios o dia, é o João estava sentado num daqueles bancos de madeira de jardim.

Ele encontrava-se a chorar naquele banco, onde as lagrimas caiam ao mesmo ritmo das gotas da chuva, ele tinha perdido o seu grande amor, a sua razão de viver, Carolina.

Era por ela que ele suspirou durante anos, por ela que desistiu de tudo, um amor de uma vida conquistado aos seus 14 anos de idade, era cedo para chamar-lhe de “mulher da minha vida”?
Talvez fosse, talvez não, mas era forte o sentimento, demasiado para tao tenra idade.

Eles cresceram juntos, frequentavam a mesma escola e também a mesma ama, desde os seus 5 anos de idade.
A diferença de idades era de dois meses, e desde cedo se tornaram melhores amigos.

Desde cedo ela se tornou uma das miúdas mais belas existentes na terra, cabelos loiros de olhos verdes, com um sorriso nunca encontrado em alguém.
João pelo contrário, nunca foi o rapaz mais bonito da escola, cabelinho curto, óculos redondinhos de massa, não era de facto o rapaz que toda mulher sonha, mas seu coração era puro, era lindo, continha nele só bondade, só desejava o bem das pessoas, mas batia e desejava o bem de uma pessoa em especial, Carolina.
Sua melhor amiga, era no final dona do seu coração, e era ela por quem estava apaixonado e amava calado, com medo de estragar uma amizade construída a muito, sentia que ela, não tinha por ele tal sentimento, e portanto assim foram crescendo, frequentando sempre as mesmas escolas, a mesma turma e os mesmo locais, eles conheciam-se melhor que ninguém.

João, foi vivendo mais intensamente o amor que tinha por ela, enquanto ela namorava com outros rapazes, mas nunca se esquecendo do seu melhor amigo e quando ela estava em baixo ou as relações terminavam, lá estava ele para dar aquele abraço quente e aconchegante, que só o melhor amigo sabia dar.
João, continuava sozinho, sem namorada, nunca conseguiu deixar de gostar dela, o coração dele pertencia-lhe, e por isso nunca decidiu tentar com alguém.
Até, que um certo dia, eles com 14 anos, numa brincadeira de melhores amigos, João atira Carolina ao chão, e ao tentar agarra-la cai por cima dela, e foi nesse momento, que começou uma das histórias mais lindas de amor.
João pediu-lhe desculpa, e enquanto eles trocavam olhares, Carolina nem uma palavra dizia, e naquele momento com um olhar profundo no olhar dele, e esboçado um sorriso ela sussurrou uma simples frase:
“Beija-me”

Os olhos do João brilhando de felicidade, e ainda tentando acreditar no que ouvira, encheu-se de coragem e foi nesse momento, que seus lábios se tocaram, nesse momento um amor adormecido dentro dela despertou, na verdade eles sempre se amaram, mas só João tinha percebido que a amava desde o dia em que se conheceram.

A partir desse dia, começou um namoro perfeito, não podiam viver um sem o outro, a todo o minuto sai uma palavra da boca de ambos a dizer “amo-te”. Notava-se que com o passar dos tempos, o amor era cada vez maior e mais forte, continuavam melhores amigos, contando segredos um ao outro, mas alem disso, tornaram-se parte um do outro.
Com os seus 18 anos, João já pensava no futuro, já planeava como seria a vida junto dela, estavam ambos a acabar o ensino secundário, e todos os dias, depois das 17horas, iam ao jardim, ouvir os passarinhos, e mimarem-se era o sítio favorito deles.

Discutiam, sobre o futuro, tinham planos pra casar, criar uma família, desejos que eram também pretendidos por ela, mas havia um segredo que Carolina guardava a três meses, e que ate agora não tinha coragem de lhe contar.
Ela guardava, um segredo que mudaria tudo, ela sofria de uma doença, que era muito rara, não havia cura, e que aos poucos lhe tirava a vida, e um dia, naquele jardim, ela decidiu que chegara a hora de contar-lhe, o fim estava próximo.

Chegou a hora, não havia como fugir, João saberia agora, que os seus planos, não poderiam ser concretizados, e que o fim seria trágico. Carolina contou-lhe o que atormentava, enquanto ele dizia “não pode ser”, “diz me que estas a brincar” enquanto lagrimas caiam-lhe pelo rosto.

Era a verdade, e João nada podia fazer, a não ser continuar a dar-lhe o amor que tinha, fez tudo por ela, ate ao ultimo minuto, Carolina adoeceu e foi internada, passando três meses da conversa dura que tiveram, e João permanecia do lado dela, nunca a deixou, ele dormia no hospital juntamente com ela, ate que num dia, ela lhe pede um abraço, disse que precisava de um, João levantou-se e abraçou-a, ela com as poucas forças que tinha, dá-lhe um abraço cheio de força, e diz-lhe no ouvido: ”Chegou a hora, este e o momento, sabes que és e sempre seras o homem da minha vida e sempre foste, tenho pena de que com os meus 5 anos, ainda não tenha descoberto a traduzir o meu Coração, pois eu sempre te amei, só que tinha medo de me enganar e enganar-te porque foste o que melhor me aconteceu na vida, fizeste-me a mulher mais feliz do mundo, e desculpa de ter de ir já, Isto é um até já, AMO-TE”.
João a chorar diz-lhe: “ amo-te eterna mulher da minha vida” e ela com um último sorriso, fecha os olhos e morre nos braços dele.

João gritava, chorava, pedia para voltar, mas em vão, ela partiu e ele não podia fazer nada, foi no dia 15 de abril de 1978, que João perdeu seu grande amor.
Hoje em dia, João ainda não superou a dor, perdeu a sua mulher amada, nunca mais conseguiu seguir a vida com outra mulher, completou os estudos e formou-se em direito, é um dos advogados com maio sucesso no nosso país, esta bem na vida, todas as semanas visita a campa de Carolina, e ele adotou, uma menina, deu-lhe o nome de Carolina, ele ama a filha mais que tudo, vê nela a filha que não teve com ela.

Hoje e dia 15 de Abril de 2012, passa 24 anos da morte de Carolina, um dia de primavera, chuvoso, onde ele me conta esta história a chorar.